sexta-feira, 8 de outubro de 2010

escola x violencia

A violência é um problema social que está presente nas ações dentro das escolas, manifesta de diversas formas entre todos os envolvidos no processo educativo. Isso não deveria acontecer, pois escola é lugar de formação da ética e da moral dos sujeitos ali inseridos, sejam eles alunos, professores ou demais funcionários.
Porém, o que vemos são ações coercitivas, representadas pelo poder e autoritarismo dos professores, coordenação e direção, numa escala hierárquica, estando os alunos no meio dos conflitos profissionais que acabam por refletir dentro da sala de aula.
Além disso, a violência estampada nas ruas das cidades, a violência doméstica, os latrocínios, os contrabandos, os crimes de colarinho branco tem levado jovens a perder a credibilidade em uma sociedade justa e igualitária, capaz de promover o desenvolvimento social em iguais condições para todos, tornando-os violentos, conforme estes modelos sociais.
Nas escolas, as relações do dia-a-dia deveriam traduzir respeito ao próximo, através de atitudes que levassem à amizade, harmonia e integração das pessoas, visando atingir os objetivos propostos no projeto político pedagógico da instituição.
Muito se diz sobre o combate à violência, porém, levando ao pé da letra, combater significa guerrear, bombardear, batalhar, o que não traz um conceito correto para se revogar a mesma. As próprias instituições públicas utilizam desse conceito errôneo, princípio que deve ser o motivador para a falta de engajamento dessas ações.
Porém, o que vemos são ações coercitivas, representadas pelo poder e autoritarismo dos professores, coordenação e direção, numa escala hierárquica, estando os alunos no meio dos conflitos profissionais que acabam por refletir dentro da sala de aula.
Além disso, a violência estampada nas ruas das cidades, a violência doméstica, os latrocínios, os contrabandos, os crimes de colarinho branco tem levado jovens a perder a credibilidade em uma sociedade justa e igualitária, capaz de promover o desenvolvimento social em iguais condições para todos, tornando-os violentos, conforme estes modelos sociais.
Nas escolas, as relações do dia-a-dia deveriam traduzir respeito ao próximo, através de atitudes que levassem à amizade, harmonia e integração das pessoas, visando atingir os objetivos propostos no projeto político pedagógico da instituição.
Muito se diz sobre o combate à violência, porém, levando ao pé da letra, combater significa guerrear, bombardear, batalhar, o que não traz um conceito correto para se revogar a mesma. As próprias instituições públicas utilizam desse conceito errôneo, princípio que deve ser o motivador para a falta de engajamento dessas ações.
Levar esse tema para a sala de aula desde as séries iniciais é uma forma de trabalhar com um tema controverso e presente em nossas vidas, oportunizando momentos de reflexão que auxiliarão na transformação social.
Com recortes de jornais e revistas, pesquisas, filmes, músicas, desenhos animados, notícias televisivas, dentre outros os professores podem levantar discussões acerca do tema numa possível forma de criar um ambiente de respeito ao próximo, considerando que todos os envolvidos no processo educativo devem participar e se engajar nessa ação, para que a mesma não se torne contraditória. E muito além das discussões e momentos de reflexão, os professores devem propor soluções e análises críticas acerca dos problemas a fim de que os alunos se percebam capacitados para agir como cidadãos.
Afinal, a credibilidade e a confiança são as melhores formas de mostrar para crianças e jovens que é possível vencer os desafios e problemas que a vida apresenta.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

school violence

Violence is a social problem that is present in the actions within schools, in different forms among all stakeholders in the educational process. This should not happen, because school is a place of training of ethics and morals of the subjects included here, whether students, teachers or other employees.
But what we are coercive actions, represented by the power and authoritarianism of the teachers, coordination and direction on a hierarchical scale, with students in the middle of the professional conflicts that ultimately reflect in the classroom.
Moreover, violence emblazoned on city streets, to domestic violence, robberies, contraband, the white collar crimes has led young people to lose credibility in a fair and egalitarian society capable of promoting social development in equal conditions for all, making them violent, as these social models.
In schools, the relationships of the day to day should reflect respect for others, through their actions that led to friendship, harmony and integration of people, to achieve the proposed objectives in the political and pedagogical project of the institution.
Much is said about the fight against violence, however, leading to the letter, fight means war, bomb, battle, which does not provide a correct concept to revoke it. The very institutions that use public misconception, that principle should be the motivator for the lack of engagement of these actions.
But what we are coercive actions, represented by the power and authoritarianism of the teachers, coordination and direction on a hierarchical scale, with students in the middle of the professional conflicts that ultimately reflect in the classroom.
Moreover, violence emblazoned on city streets, to domestic violence, robberies, contraband, the white collar crimes has led young people to lose credibility in a fair and egalitarian society capable of promoting social development in equal conditions for all, making them violent, as these social models.
In schools, the relationships of the day to day should reflect respect for others, through their actions that led to friendship, harmony and integration of people, to achieve the proposed objectives in the political and pedagogical project of the institution.
Much is said about the fight against violence, however, leading to the letter, fight means war, bomb, battle, which does not provide a correct concept to revoke it. The very institutions that use public misconception, that principle should be the motivator for the lack of engagement of these actions.
Bring this issue to the classroom from the early grades is a way of working with a controversial issue present in our lives, providing opportunities for moments of reflection that will assist in social transformation.
With clippings from newspapers and magazines, research, movies, music, cartoons, TV news, among other teachers can raise questions on the topic of a possible way to create an environment of respect for others, whereas those involved in the educational process must participate and engage in that action, so that it does not become contradictory.

After all, credibility and trust are the best ways to show for children and youth that they can overcome the challenges and problems that life presents.
By Jussara de BarrosGraduated in PedagogyTeam Brazil School

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Gangues ESTADOS UNIDOS!

The Latin Kings ( "Latin Kings") are a gang consisting mainly of Latin American members. They started the Chicago area and New York but has expanded through other U.S. cities. UU., Latin America and Europe, specifically Spain. Although the Latin Kings are trying to portray themselves as a mere association in defense of young South American origin.
The Latin Kings are dressed in yellow and black because the sun is yellow and black because it hides his face, his past in which the Latin races lived in the shadows as their sacred literature.
They greet each other with three fingers into a crown, and are passionate about Rap and Kilgim, a kind of religion that mixes rap with prayers. The gold chains are a symbol of power.
Also known as: Almighty Latin King Nation (ALKN), Almighty Latin Charter Nation (ALCN), Almighty Latin King and Queen Nation (ALKQN)

History: The Latin Kings formed in Chicago in the mid-1960s with the goal of helping Puerto Rican immigrants overcome racial prejudice by forming an organization of "Kings"

Membership/Hierarchy: The Latin Kings are highly organized and gang leadership exists at the national, regional, and local levels. Membership is governed by a constitution with established rules and by-laws. The gang consists predominately of Puerto Rican males; however, the gang has begun to accept other nationalities, such as Spanish, Portuguese, Italian, Caribbean, and South Americans. Some Latin King chapters also have female associates, commonly referred to as Latin Queens. Latin King chapters are present nationwide with an estimated 25,000 to 50,000 members residing in 34 states. Chicago police estimate that nearly 25,000 Latin King members reside within the Chicago area alone.

Location: While active in 34 states, the Latin Kings can be found primarily in Chicago (where they are the largest street gang), New York, Texas, and Florida. Open source reporting indicates that Latin King chapters exist in Central America and Spain.

Gang Identifiers: Graffiti often includes a lion wearing a crown or a 5-pointed crown accompanied by the initials "LK". Their predominate colors are yellow or gold
Bloods:
Sets may include but not limited to: 59 Brims, 9 Trey Gangsters, SMM (Sex Money Murder), GKB (Gangsta Killer Bloods), Valentine Bloods
Bloods History (West Coast Bloods): The Bloods gang was formed during the 1970s in the Compton area of California. According to NDIC reporting, Silver Scott is credited with forming the Piru Street gang and Benson Owens established the Westide Pirus. Both groups aligned with several neighborhood gangs in an attempt to unite against the Crips. The group subsequently became known as the West Coast Bloods.
United Blood Nation History (East Coast Bloods): The United Blood Nation (UBN) gang was founded by two African-American males (Omar Portee and Leonard Mackenzie) while inmates at Rikers Island Prison, New York in 1993. The gang was initially formed to protect African-American inmates from the threat posed by Netas and Latin Kings gangs who dominated the prison.
Membership: According to NDIC reporting in 2004, Bloods membership was estimated between 15,000 and 20,000. According to NAGIA’s 2005 National Gang Threat Assessment, UBN membership is estimated at 5,000 in New York City and 7,000 nationwide.
Location: Bloods gangs are located in the Southwest (Los Angeles, in particular), West Central, Pacific and, to a lesser extent, the Great Lakes and Southeast regions. The United Blood Nation is heavily concentrated throughout New York City and their presence has expanded to other locations along the East Coast, Mid Atlantic, and Southeast regions.
Gang Identifiers: Blood gang symbols include but are not limited to the following: a Five-point star (symbolizing the Bloods affiliation with People Nation), "PIRU" (L.A. street name), "DAMU" (Swahili for Blood), "CK" (Crip killer) and various numbers representing Blood street sets. The Bloods primary choice of color is red. Blood members also wear sports apparel such as Chicago Bulls, Philadelphia Phillies and San Francisco Forty-Niners. According to the Federal Gang Task Force in Long Island, New York, East Coast Blood identifiers may include graffiti such as "031" (I have love for you Blood). The letter "S" may be crossed out because it represents Slobs (an offensive expression for Bloods). Tattoos may include the acronym M.O.B. (Member of Blood / Money Over Bitches), a dog paw mark (represented by three dots), a bulldog, and/or the letter "B" (Blood).
Documentário:
Gangues de Nova York
Ninguém sabe ao certo o número de gangues nos Estados Unidos. O Departamento de Justiça já contou pelo menos 7.500 em todo o país. Elas reúnem 450 mil pessoas. Pregam a violência e fazem do crime um grande negócio.
Para entrar neste negocio, tem um custo. Para sair outro. Este rapaz já foi um dos líderes da gangue Bloods, uma das maiores de Nova York. Ele conta que quem quer entrar no grupo tem de suportar uma surra de todos os líderes. Quase 30 homens fazem uma roda e espancam os novos pretendentes. Os que não resistem, estão fora. São considerados fracos. Rejeitados. E levam essa fama por toda a vida. Pior: pra entrar na Bloods, que em inglês quer dizer sangue, também tem de matar.
O ex-líder da Bloods diz que já atirou em muita gente. Ele foi preso cinco vezes por tráfico de drogas. Pagou a pena na cadeia. Há sete anos largou o grupo. Mudou de estado. Agora, não pode mais voltar para a cidade onde vivia, nem mesmo para rever a família. Está jurado de morte pelos próprios ex-colegas, por ter abandonado o bando. "Não tem lealdade nas ruas. Você pensa que tem uma família, mas não tem. Quando você descobre isso, você fala: não é isso que eu quero".
Negro, estatura mediana, magro e cheio de tatuagens. No braço ele leva a estrela de cinco pontas. Feita com ferro em brasa. É um dos símbolos da Bloods. A marca da morte também esta aqui, mas é na memória que o ex-líder guarda as lembranças ruins. "As gangues não são como aparecem nos filmes. Muitas vezes a gente fica três dias, 72 horas sem dormir, apavorado, com medo, porque tem sempre alguém querendo te matar. Você sempre acha que é o próximo".
A Bloods se tornou o alvo favorito da polícia, por causa da forte conexão com a violência. Pelas ruas de Nova York a gente encontra pessoas de todo o mundo. E só aqui tem 400 gangues, quase 27 mil integrantes. Um mundo paralelo, espalhado em meio a 8 milhões de habitantes.
A Latin Kings - ou reis latinos - é uma das gangues mais perigosas de Nova York. Seis mil pessoas fazem parte desse mundo. Que até organiza protestos contra a brutalidade da polícia. O menino diz que a Latin Kings não é uma gang, mas uma organização, um movimento social. E repete, em espanhol, a palavra de ordem que transmite a solidariedade do grupo: "Amor de Rey".
Quando o líder da Latin Kings foi preso, o grupo pagou 300 mil dólares de fiança para tirá-lo da cadeia. Ele foi assassinado mais tarde.
O professor de justiça criminal e psicologia da Universidade John Jay, em Nova York, estuda as gangues há uma década, mas desde criança conhece essa realidade. O pai e os dois irmãos eram traficantes de drogas. "Eu podia ter participado de cinco gangues diferentes porque na comunidade as pessoas ficam sem fazer nada. Desempregadas, sem ir para a escola", diz o professor.
Ele preferiu ser o conselheiro destas pessoas. Pesquisas do professor mostram que os jovens entram para as gangues porque desejam poder. Outros querem preservar a identidade. "Como eles não tem família transformam a gangue em pai, mãe. Mas é claro que tem gente que quer mesmo é cometer crime". Para conseguir conversar com integrantes de uma gangue é demorado e pode ser perigoso. Eles moram na periferia. Para encontrar um integrante da Wild Chicanos, uma gangue mexicana no Brooklyn, foi preciso esperar muito. Negociar a entrevista. Eles são organizados. E mais do que isso... desconfiados.
Este é Pelon, de 22 anos. Para falar com ele uma condição: um lugar afastado e junto com um amigo. O local é de uma antiga fabrica. Ponto de trafico de drogas e de reunião de gangues. Ele diz que para cada morte tem uma revanche. Olho por olho dente por dente. Ninguém corre até a polícia pra pedir ajuda, mata mesmo. "Se fazem uma coisa pra gente. Fazemos no mínimo duas vezes pior". Pergunto se ele já matou. "Não posso responder. Posso ter matado uma pessoa ontem ou antes mesmo desta entrevista, mas um membro de gangue não pode falar sobre isso." A vida desses garotos é uma roleta russa. Em cada esquina uma surpresa. "Eu nunca sei que vai acontecer comigo. Espero o dia em que uma pessoa mande me matar. A vida é isso."
Nas costas o nome da irmã. No braço uma tatuagem. Bons dias, maus dias. Pergunto se ele tem mais dias bons ou mais dias ruins. "Quem esta nesta vida sempre tem mais dias ruins. Não tem como escapar". Pergunto para o Pelon se ele se considera perigoso. "Sou uma pessoa como você. O que muda é o meio em que eu vivo. Faço o necessário para sobreviver"
Perigoso era também este mexicano de 19 anos. Norbert nasceu numa família ligada a gangues. Mas resolveu desistir desse mundo. Conseguiu escapar porque ainda não tinha se tornado adulto e, mesmo adolescente, machucou pessoas, deu pistas para matar. Diz que só fazia parte da gangue porque se sentia protegido.
"Eu pensei que se entrasse para uma gangue eu ia ter proteção, amizade. Amigos que pudessem me ajudar quando eu estivesse com algum problema". Daquele tempo ficaram apenas as tatuagens. "Essa tatuagem é o símbolo dos Wilds Chicanos, o WC, mas eu quero apagá-la".
A maioria das gangues está nas periferias como no Bronx, um dos bairros mais violentos de Nova York. Pelo menos duas reuniões por semana. Eles decidem onde vai ser o ponto de ataque e quem vão matar. A venda de drogas geralmente acontece aqui nas esquinas do Bronx.
É um vai e vem de gente, comprando, consumindo. Uma região de sinais. No papel as decisões das gangues são em códigos para a polícia não entender. As mãos também passam informações, formam o nome do grupo, o símbolo da gang e indicam até se alguém deve morrer. Os códigos estão nas cartas, no corpo e nas paredes da cidade. Descanse em paz, diz aqui. A inscrição dos wildchicanos faz referencia a morte. É arte para uns, alerta para outros.
No Bronx, no Harlem, em Manhattan. No Brooklyn, o bairro mais populoso do mundo, no Queens, a beleza da lagrima no grafite pode significar que alguém foi assassinado. 20 % deste mundo de crueldade são de mulheres entre 18 e 25 anos. Elas são chamadas de membros fêmeas. Para entrarem na gangue, outro ritual.
"Elas têm que cortar o rosto de uma outra mulher, ou então dormir com alguns líderes da gangue. Cinco, seis, sete..." Latin Kings, os reis latinos, Nietas, Matatanas, Black Panthers. Cinco Prisioneiros, Rat Hunters, os caçadores de ratos. Mas nenhuma gera tanto ódio aos Bloods quanto a Crips.
Porque a Crips, na década de 70, invadiu o território e aumentou o número de seguidores conquistando outras gangues. Stanley Tookie Willians foi fundador da Crips em Los Angeles. Ele foi executado com uma injeção letal, no mês passado, numa prisão da Califórnia. Tookie era acusado de ter assassinado quatro pessoas. Crimes que sempre negou.
Tookie tentou reverter sua história. Na cadeia ele escreveu livros para jovens ficarem longe do mundo das drogas. Virou pacifista e até foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Virou redenção, o filme. Artistas foram pra porta da prisão pedir clemência. Mas não adiantou. O governador Arnold Schwarzenegger, o exterminador do futuro que podia reverter a pena, também não se comoveu. Assim como Tookie, várias pessoas tentam deixar pra trás um passado sombrio. Mas as gangues resistem.
A cumplicidade de cada um de seus membros é a maneira que as gangues encontram, há décadas, para manter o poder paralelo nas ruas de Nova York.
Gangues

Autora: Beatriz Silva Ferreira; é Autora do Livro "Só por Hoje Amor Exigente"

As gangues não vêm apenas da periferia pobre da cidade. Elas estão em todos os lugares: futebol, punks, skin-heads. Algumas gangues são compostas de dependentes de bairros, que se juntam para praticar banditismo e outras são imitações. O que quer que sejam, os pais devem estar atentos para o que está acontecendo com os filhos.
Não são apenas os rapazes que aderem às gangues, as meninas também. Há gangues de mulheres que podem ser perigosas como as dos homens.
Entre gangues urbanas de São Paulo, formadas por jovens, a mais violenta de todas é a dos carecas, (Jornal da Tarde, 29/09/95). Nacionalistas ao extremo, cultuam o físico em academias de musculação, praticam artes marciais, odeiam homossexuais - Deus fez o homem e a mulher. O resto é uma aberração da natureza, defendem eles -, são contra as drogas, mas não são nazistas, como a maioria das pessoas imaginam.
Há negros e nordestinos nos dois principais grupos que formam os Carecas do Brasil: Carecas do Subúrbio, na maioria das vezes formado por jovens da Zona Leste de São Paulo e Carecas do ABC.
Em 1987, quando o grupo norte americano Ramones tocou pela primeira vez no país, os skin-heads invadiram o palace e arrumaram briga com o público. Anos mais tarde, foram acusados de jogar uma bomba de gás lacrimogêneo dentro do canecão, no Rio, durante uma apresentação dos Ramones. Tiroteios entre skin-heads e outros bandos são comuns na periferia. Em janeiro deste ano mataram a pancadas um adestrador de cães na praça da república.
Para pertencer à gangue dos carecas, o candidato passa por uma prova de fogo para ser admitido. Ele tem de ser corajoso, ser apresentado por um outro careca, não ter envolvimento com drogas e ser nacionalista. Mas o passo mais difícil ocorre no festival Dezembro Oi! Quando os skin-heads de todo o Brasil se reúnem. O novato leva socos e chutes dos veteranos. É como um trote de faculdade, só que mais violento.
Temos um fascínio pela violência, mas não dá para explicar o motivo, diz um dos líderes. É como uma criança que tem satisfação em quebrar uma janela. Ela sabe que é errado, mas faz aquilo mesmo sabendo que depois vai ser punida. Somos da seguinte idéia, diz ele: a melhor defesa é o ataque e, se você pode destruir seu inimigo, a vitória é sua.
Os primeiros skin-heads surgiram na Inglaterra na década de 60. Nacionalistas, já usavam o visual que é repetido até hoje: suspensórios, coturnos (botas militares) e cabelo raspado. No Brasil, o grupo surgiu na periferia dos grandes centros, no meio da década de 80, como uma dissidência dos punks. Hoje estima-se que haja mais de três mil carecas, principalmente nos Estados de São Paulo, Rio, Bahia, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
Além dos Carecas do ABC e Subúrbio, os skin-heads brasileiros também estão agrupados em outras gangues com menos integrantes: Sharp-Skinheads Against Racial Prejudice - Skin-heads contra o Preconceito Racial - e White Powers formado por descendentes de europeus: são racistas, defendem o separatismo da região sul, odeiam negros e homossexuais e pregam o nazismo.
A socióloga Maria Stela Santos Gracimar montou um curso sobre gangues baseada num trabalho. Passou um ano e meio convivendo com galeras, gangues e turmas de um bairro da zona norte de São Paulo. Ficou sabendo, pelos diretores de escolas, que todos os colégios, mesmo os particulares, têm problemas com gangues juvenis, que se dividem em três: galeras mirins, adolescentes e jovens; sendo todas problemáticas. Pelo modo de vida desses jovens, dá para entender que a violência surge da própria cultura de rua. Diz ainda, que as galeras violentas não são exclusivamente da periferia. Em um ano e meio de pesquisa, traçou o perfil dos jovens que entram em grupos organizados: como a gangue dos carecas, ou uma torcida uniformizada:
Tem na maioria entre 11 e 16 anos - são inteligentes, espertos e educados;
Possuem códigos específicos de linguagem, roupa, comportamento e gestos;
Vivem em crise com a família;
Perderam os valores da religiosidade e da escola;
Sentem necessidade de pertencer a um grupo ou a uma gangue;
Ao fazer parte de um bando, a responsabilidade por algum ato deixa de ser individual e passa a ser dividida por todo grupo;
Auto-afirmação e convivência com pessoas que têm os mesmos problemas e falam a mesma língua.

Os jovens aderem às gangues porque estão convencidos de que resolverão seu problema financeiro e social. Elas lhes dão segurança e um lugar para pertencer.
Nem todas as turmas são violentas no sentido de agressão. Há a violência simbólica, como a de um pichador de muro ou o rapaz que tira rachas nas avenidas, mas há também a agressão de fato, como ocorre na gangue dos skin-heads. Enquanto a maioria dos grupos é contra a sociedade - que é discriminatória, capitalista e militarista - os carecas defendem estes valores. Mas, a verdade é que todo jovem, seja ele brasileiro ou chinês, tem um fascínio pela aventura e muita curiosidade. A socióloga acredita que existem alguns caminhos para o jovem largar a vida em grupo:
Quando encontra um mito: uma namorada;
Uma família estruturada;
Um professor que entenda sua cabeça;
Um amigo que não pertença a nenhuma gangue.

Diz ainda que as principais alternativas para tirar um jovem dessa vida são a cultura, o esporte e o resgate da cultura de rua. No convívio com os jovens, percebeu que a música é muito importante para eles (Jornal da Tarde, 29/09/95).
As gangues estão envolvidas em atividades criminais, tais como roubo, crimes contra a propriedade, conduta desordeira, tráfico de drogas e homicídios. As drogas que estão disponíveis ns ruas vêm das conexões das gangues.
Nos Estados Unidos, famílias mudam de cidade como uma maneira de proteger seus filhos. Nem sempre a mudança é uma solução. Se o jovem já está envolvido numa gangue, elas o ajudarão a estabelecer uma nova conexão em seu novo local, para fazer tráfico ou outra atividade criminal. Não há uma maneira de determinar o número de membros de uma gangue numa determinada área.
Um jovem com perfil de gangue tem:
desempenho pobre na escola;
não gosta da escola;
usa a escola mais para finalidade social do que para aprender.

Este jovem tende a ter problemas com autoridade, e isola-se da família e suas atividades, costumam ter atitudes ofensivas, quando estão em turmas e não quando estão sozinhos, porque:
Isso faz parte de uma iniciação;
Impressiona outros membros da gangue;
Prova sua lealdade a outros membros da gangue.


O que se pode fazer:
Verificar se existe gangue no bairro;
Verificar os gestos, o modo de se vestir, os slogans, as insígnias;
Saber onde seu filho está, em qualquer momento. Ter um nome e número de telefone para poder localizá-lo;
Conhecer os amigos de seu filho e seus pais. O sobrenome é importante. Algumas vezes você os conhece apenas por Marcelo, Fernando, Paula;
Ficar atento se há famílias de gangues. Os pais podem estar tão envolvidos quanto seus filhos, e portanto, não seria um bom lugar para ele estar;
Conheça seus vizinhos, troque informações, fale sobre o que está acontecendo no bairro. Fique envolvido;
Não se amedronte em chamar a polícia se perceber uma reunião. O envolvimento da polícia está vinculado ao desempenho de cidadania;
Apague pichações. Se permanecerem intocáveis, é um convite aberto para as gangues irem até lá;
Matricule seu filho numa escola, pois ele necessita de educação. Se passou da idade, coloque-o num supletivo para continuar sua formação escolar;
Use todos os métodos disponíveis para manter seu filho num trabalho, mesmo que seja filantrópico, a fim de evitar que fique perambulando pelas redondezas sem fazer nada;
Leve um especialista a seu grupo para falar sobre gangues, drogas e as relações entre pais e filhos;
Verifique como pode ajudar sua comunidade;
Fale com seus filhos, pois eles sabem mais sobre atividades de gangues do que você;
Observe alguma mudança em seus filhos e seus amigos. Esteja atento;
Examine seu quarto e seus pertences;
Seja consistente e firme no tratamento de seu filho;
Verifique na escola de seu filho se foi identificada alguma gangue e o que está sendo feito a respeito;
Verifique se a polícia tem algum departamento especializado em gangues. Se for positivo, entre em contato para saber sobre o assunto;
Se verificar que seu filho está à beira de ser recrutado por alguma gangue, ou já é um membro dela, peça ajuda;
Estabeleça um horário de chegada em casa e esteja atento para conferir.

Uma vez envolvido em gangue, é muito difícil sair. Se deixá-la, deve evitar passar nos locais em que costuma fica r, para não correr o risco de ser agredido. Outra maneira de sair, é ficar escondido em outro estado. Em ambos os casos, não há garantia de que queira sair ou que sobreviverá de um ataque.
Os pais devem se esclarecer sobre gangues e suas atividades. Só assim podem proteger os filhos, a si mesmos e suas comunidades.